Autora de estudo científico aconselha
ministração regular e afirma que não se dispensa dose de reforço
Cristina e os doutores Bremer Neto,
Reis e Camargo Filho
Enfermidade infecciosa viral e endêmica, a raiva é encontrada em várias regiões
do Brasil e o morcego é o principal transmissor para herbívoros: bovinos,
equinos e bubalinos. No ano passado, um surto na região centro-sul do Rio
Grande do Sul matou cerca de 4 mil animais. Os dados são da Secretaria da
Agricultura, Pecuária e Negócios (Seapa). Humanos conseguem sobreviver à
doença, mas o alto custo torna inviável o tratamento em animais. Constatação
feita pela farmacêutica Cristina Cecília Augusto Vella Bonacéa ao desenvolver
pesquisa científica junto ao Programa de Mestrado em Ciência Animal, vinculado
à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.
Diante do fato de que a vacinação é o melhor método, com a vantagem de ser
barato e eficaz, o novo estudo, sobre a associação de bactérias probióticas
para potencializar a produção de anticorpos antirrábicos em bovinos vacinados
contra a raiva, adicionou na suplementação mineral probióticos – Lactobacillus acidophilus,
Estreptococus faecium, Bifidobacterium
thermphilum e Bifidobacterium longun – em diferentes quantidades. O experimento ocorreu com
a utilização de 42 bovinos machos não cadastrados, da raça nelore, com 12 meses
de idade e vacinados com dose única, numa fazenda no município de Pirapozinho
(SP). O período experimental foi de 90 dias, sendo 30 de adaptação e 60 de
tratamento.
Houve divisão em três grupos de 14 animais em cada um, mantidos em pastejo
rotacionado de capim tanzânia, em piquetes com bebedouro e sombra. O grupo
controle recebeu 70 gramas de suplemento mineral por dia. Foi utilizado o
Fosbovi Seca, adquirido da Tortuga, em São Paulo. A mesma quantidade dada aos
animais dos outros dois grupos, porém com a adição de 4 g de probióticos para
um grupo e 8 para o outro. Probióticos obtidos da Embraupec, de Paranavaí
(PR). No chamado dia zero da experiência foram coletados 10 ml de sangue de
cada animal, quando da primovacinação em todos, com 2 ml da vacina comercial da
Vencofarma, de Londrina (PR).
Passados 30 e 60 dias, foram feitas novas coletas de sangue, também de 10 ml,
colocadas em tubos a vácuo e transportadas em caixa térmica ao Hospital
Veterinário da Unoeste para centrifugação. Material enviado para o Instituto
Butantan; centro de pesquisa biomédica localizado em São Paulo. Os dados
obtidos permitiram as análises. Os títulos individuais de anticorpos
antirrábicos foram determinados por meio da técnica de soroneutralização em
células, baseado no Rapid
Fluorescent Focus Inhibition Test (RFFIT).
Recorreu-se à análise de variância em uma via (ANOVA one-way) com
contrastes pelo método de Tukey, para determinar se os grupos experimentais
diferiram entre si, dentro de cada momento.
O teste t-pareado foi empregado para determinar se ocorreram diferenças entre
momentos dentro de cada grupo, com nível de 5% de significância. Conforme a
autora do estudo; ocorreram diferenças estatísticas significativas das médias
de concentrações séricas entre os grupos, após 30 e 60 dias da primovacinação.
A presença do probiótico deixou os animais mais protegidos, comparados aos do
grupo controle. Na quantidade menor, a de 4 g por dia, a proteção baixou um
pouco com 30 dias (ficando em 93%) e bastante aos 60 dias (42%). Com 8g, houve
queda aos 30 (72%) e aos 60 dias foi verificada a presença de 100% de
anticorpos.
Entre as conclusões apresentadas por Cristina, ao fazer a defesa pública de sua
dissertação nesta sexta-feira (5), são as de que existem evidências para se
atribuir efeito benéfico à associação de probióticos na reposta imune
antirrábica em bovinos e para se atribuir efeito sobre a manutenção de elevados
níveis de concentração sérica de anticorpos em bovinos que receberam a primeira
vacina contra a raiva. Outras constatações: o probiótico deve ser ministrado
regularmente e não se deve dispensar a aplicação da dose de reforço, mesmo quando
se tem 100% de anticorpos.
Durante as arguições formuladas pelos examinadores, foi exposto que já
ocorreram, na própria instituição, pesquisas com administrações de outras
quantidades de probitóticos, mas que outras, ainda a serem feitas, poderão
apresentar qual a concentração melhor. Na banca estiveram os doutores Hermann
Bremer Neto (orientador), Luís Souza Lima de Souza Reis e José Carlos Camargo
Filho, convidado junto à Unesp em Presidente Prudente. Aprovada, Cristina passa
a ostentar o título de mestre em Ciência Animal, outorgado pela Pró-reitoria da
Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.
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